O TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO A SANTÍSSIMA VIRGEM POR SÃO LUÍS MARIA GRIDNIOM DE MONTFORT
O "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem" é uma das obras mais conhecidas e influentes sobre a espiritualidade mariana, escrita por São Luís Maria Grignion de Montfort, missionário francês do século XVIII. A obra propõe uma consagração total a Jesus Cristo por meio de Maria, defendendo que a melhor forma de se unir ao Senhor é se entregar completamente à sua Mãe.
INTRODUÇÃO
Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem
Pe. Battista Cortinovis
O Manuscrito
Sepultado no "silêncio de um baú", como havia predito Montfort (VD 114), o manuscrito foi descoberto na biblioteca da Casa-Mãe da Companhia de Maria em Saint-Laurent-sur-Sèvre, a 22 de abril de 1842, pelo Pe. Rotureau que procurava material para uma pre-gação marial.
Na Revolução Francesa "os papéis, os manuscritos das duas Comunidades foram escondidos nos sítios vizinhos, onde ficaram inteiramente enterrados no pó durante vários anos. Os que foram encontrados foram postos, parte na biblioteca dos Padres, parte na casa das Irmãs; este de que se trata foi posto na Biblioteca da casa "Santo Espírito" e lá permaneceu desconheci-do, como o autor havia predito".
No momento da redescoberta, as folhas estavam ainda separadas umas das outras, mas cada qual no seu lugar. Apressou-se a encaderná-las a fim de conservar esses preciosos restos; e, com alguns outros escritos monfortinos, enviou-se o manuscrito a Roma em vista do processo de beatificação. Infelizmente, oito folhetos do começo e pelo menos um do fim tinham desaparecido. Em 1956-1957 a restauração pelos monges basilianos de Grottaferrata permitiu estudar de perto o manuscrito antes que ele recebesse sua nova encadernação. Uma descrição detalhada foi então publicada em Documentation Mariale.
O Tratado da Verdadeira Devoção é sem a menor dúvida a obra mais conhecida do santo missionário, obra que expõe e desenvolve "o maior dos meios e o mais maravilhoso de todos os segredos para adquirir e conservar a divina Sabedoria" (ASE 203).
1. Paternidade da obra
Ninguém jamais colocou em dúvida a paternidade da obra ou da grafia. O Pe. Dalin tinha atentamente estudado a escrita e as obras de Montfort então conhe cidas, quando ele publicou, em 1839, com a autorização do Pe. Deshayes, superior geral, uma Vida do venerável servo de Deus. Eleito superior geral em janeiro de 1842, ele testemunha, a 10 de maio do mesmo ano, no processo diocesano já em curso para a beatificação do Venerável Servo de Deus. A respeito do manuscrito recentemente encontrado, eis o que diz: "Caderno de cerca de 160 páginas, tendo por tema a devoção à Santíssima Virgem, começando por estas palavras: C'est par la très Ste Vierge que J.C. est venu au monde... Foi pela Santíssima Virgem que Jesus Cristo veio ao mundo... E terminando por estas: Justus meus ex fide vivit. Pois o justo vive em toda a parte da fé. A escrita que é inteiramente a do Pe. de Montfort bem como as rasuras e as notas interlineares provam evidentemente que esta obra é verdadeiramente do venerável Servo de Deus. O fundo das coisas e o caráter do estilo tampouco permitem dúvida alguma sobre isto".
2. Assunto da obra
Luís Maria Grignion expõe a função de Maria no plano divino redentor: necessidade de Maria para Deus (necessidade hipotética), necessidade para os se- res humanos.
Na ótica do plano divino: necessidade da devoção para com a Santíssima Virgem, necessidade de conhe- cer qual é a verdadeira devoção, que importa escolher e viver. A melhor prática da verdadeira devoção é a santa escravidão de Jesus em Maria.
O Pe. Garrigou-Lagrange não receava afirmar: "É esta a obra que praticamente mais contribuiu, bem se pode dizê-lo, para fazer conhecer às almas interiores a mediação universal de Maria e as graças sempre novas que nos chegam por suas mãos... Uma só ideia-mãe, a da maternidade espiritual de Maria a nosso respeito, anima por inteiro este livro que se desenvolve, não mecanicamente só pela justaposição de suas partes, mas de um modo orgânico, assim como cresce um ser vivo... Sente-se que o Bem-aventurado está de tal modo pos- suído por seu tema, que poderia falar dele ao infinito e sem fadiga, e que tudo o que ele acrescentasse não estancaria a sua fonte, e seria ainda inferior às belezas que ele entrevê".
De seu lado Henrique Bremond sustenta que Montfort é "o mestre por excelência da devoção mariana" e acrescenta: "No seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, a devoção das elites e a devoção das multidões se encontram, elas se fundem uma na outra, preciosa obra-prima da qual não se saberia divina dizer se é mais beruliano que popular ou inversamente”
Com amor da sabedoria Eterna e os Cânticos, o Tratado oferece a todas as pessoas os meios mais eficazes, o misterioso segredo da ascensão progressiva á união íntima com o Cristo. São Luís Maria Grigniom de Montfort, é verdadeiramente, como sublinha João Paulo segundo, um "mestre espiritual".
