segunda-feira, 4 de julho de 2016

Deficiência Física e alfabetização

                                                     




                                                         
                                                         

                                                             Deficiência Física

    A deficiência física caracteriza-se pelos impedimentos nos movimentos e na coordenação de membros e/ou de cabeça, em que a pessoa necessitará de adaptações que garantam a acessibilidade motora, ou seja, o seu acesso a todos os espaços, serviços e instituições (BRASIL, 2012, p. 10). Entre as características apresentadas pelas pessoas com deficiência física estão os diferentes modos de comunicação oral e escrita e de locomoção, que determinam as providências da escola para prover o acesso ao currículo pelo aluno, utilizando recursos pedagógicos adaptados para sua acessibilidade tanto no que se refere à aprendizagem quanto à acessibilidade física. São várias as deficiências físicas com as quais podemos nos deparar no contexto escolar, mas neste texto abordaremos os encaminhamentos relacionados aos alunos com deficiência física decorrente da paralisia cerebral.     Neste caso, a lesão que atinge o cérebro interfere no desenvolvimento motor da criança, podendo comprometer a locomoção, postura, movimento, uso das mãos, a linguagem, entre outras atividades. É importante que saibamos que grande parte das crianças que têm deficiências físicas é beneficiada com modificações no ambiente físico, nos materiais e equipamentos utilizados para a atividade escolar. 
    Ainda há professores que associam “paralisia cerebral” com “cérebro parado” e, portanto, pensam que estão lidando com pessoas incapazes de raciocinar. Não se trata disso! Ter deficiência física não é sinônimo de apresentar déficit cognitivo, e todos os alunos nessa condição podem aprender desde que se estabeleça uma forma de comunicação efetiva. Portanto, métodos especiais de ensino só são necessários para as crianças cujas deficiências físicas sejam complicadas por dificuldades de aprendizagem resultantes de lesões neurológicas. 
     No que diz respeito à alfabetização, as crianças com deficiência física, em geral, terão dificuldades para escrever ou falar, mas essas dificuldades ocorrerão em função do comprometimento da coordenação motora. Assim, é comum que a escola muitas vezes se proponha a atribuir exercícios com o objetivo de melhorar a habilidade motora do aluno, como se para aprender a ler e escrever o aluno precisasse – antes – segurar o lápis do jeito certo e ter uma caligrafia bonita. Contudo, segurar o lápis PNAIC_MAT_Educ Incl_pg001-096.indd 22 25/2/2014 17:04:09 23 EDUCAÇÃO INCLUSIVA de forma convencional e conseguir enxergar o que está escrito não é pré-requisito para aprender a escrever. A aprendizagem da leitura e escrita deve ser abordada de forma conceitual e não mecânica. 
    Para facilitar o acesso à escrita e leitura muitas alternativas estão disponíveis e podem ser construídas, por exemplo: o uso de pranchas de comunicação, do computador, de lápis e canetas adaptados, etc. O professor do AEE, após elaboração do plano de atendimento do aluno, seleciona os recursos necessários para auxiliar nessas dificuldades funcionais, e realiza um trabalho articulado com o professora da sala de aula comum. Os recursos utilizados podem ser de alta ou baixa tecnologia3 , mas, primeiramente, é importante que o professor conheça seu aluno e tenha identificado suas necessidades, habilidades e dificuldades. A elaboração de um roteiro para coletar dados sobre os alunos pode contribuir para a organização de atividades, a seleção dos recursos a serem utilizados e a construção de materiais – se necessário – de acordo com as necessidades dos alunos. Confira o texto sobre o AEE, logo adiante, nas páginas 25-26. Comunicação Aumentativa e Alternativa Para surpresa de muitos professores, geralmente os alunos com paralisia cerebral são inteligentes e possuem boa compreensão do que lhes é explicado, porém, possuem dificuldade ou sequer conseguem articular ou produzir a fala. Atualmente, tem-se desenvolvido sistemas alternativos para comunicação na educação especial. A expressão “comunicação alternativa” e/ou “comunicação suplementar”, vem sendo utilizada para designar um conjunto de procedimentos técnicos e metodológicos direcionado a pessoas acometidas por alguma doença, deficiência ou alguma outra situação que impede a comunicação com as demais pessoas, por meio dos recursos comumente utilizados, mais especificamente a fala. 
    A Tecnologia Assistiva tem se constituído como um recurso que pode contribuir significativamente para a comunicação e interação dessas pessoas. Assim, destacamos a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) que faz parte da área da Tecnologia Assistiva destinada à ampliação de comunicação de pessoas sem fala ou sem escrita funcional, ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa em falar e/ou escrever. Sartoretto e Bersch (2010) ressaltam que é importante identificar gestos, Ao receber o aluno com deficiência física, o professor deve estar atento à forma de como esse aluno estabelece a comunicação, bem como as necessidades peculiares a esse aluno, para posteriormente planejar as suas ações educativas. 3 Segundo Sartoretto e Bersch (2010), recursos de baixa tecnologia são os que podem ser construídos pelo professor do AEE e disponibilizados ao aluno que os utiliza na sala comum ou nos locais onde ele tiver necessidade. Recursos de alta tecnologia são adquiridos após avaliação das necessidades do aluno. PNAIC_MAT_Educ Incl_pg001-096.indd 23 25/2/2014 17:04:09 24 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
     Para fazer a melhor escolha dos recursos de comunicação alternativa, o professor precisa avaliar as possibilidades físicas do aluno: acuidade visual e auditiva; habilidades perceptivas; habilidades motoras: preensão manual, flexão e extensão de membros superiores, habilidade para virar páginas; bem como as habilidades cognitivas: compreensão, expressão, nível de escolaridade, fase de alfabetização. É relevante também avaliar a situação na qual o sistema será utilizado: o local, com quem e com qual objetivo. Arquivo dos autores Arquivo dos autores sons, expressões faciais e corporais que os alunos possuem, pois a CAA possibilita a construção de novos canais de comunicação, através da valorização das formas expressivas da pessoa com dificuldade. Entre os recursos que podem ampliar a comunicação das pessoas com deficiência física, destacamos: a prancha de comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras, a construção de cartões de comunicação, símbolos de comunicação pictórica, vocalizadores e computadores. Os computadores e outras ferramentas tecnológicas serão abordados no texto Acessibilidade, Participação e Aprendizagem. Aqui, tanto em relação à alfabetização matemática quanto em relação ao letramento, percebe-se que as estratégias especiais consistem, basicamente, em assegurar formas de comunicação e em levar em conta as potencialidades do aluno sem fazer exigências que sejam descabidas, como a já mencionada “caligrafia linda"

http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/cadernosmat/PNAIC_MAT_Educ%20Incl_pg001-096.pdf

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