A deficiência física caracteriza-se pelos impedimentos nos movimentos e na coordenação
de membros e/ou de cabeça, em que a pessoa necessitará de adaptações que garantam
a acessibilidade motora, ou seja, o seu acesso a todos os espaços, serviços e instituições
(BRASIL, 2012, p. 10).
Entre as características apresentadas pelas pessoas com deficiência física estão
os diferentes modos de comunicação oral e escrita e de locomoção, que determinam
as providências da escola para prover o acesso ao currículo pelo aluno, utilizando
recursos pedagógicos adaptados para sua acessibilidade tanto no que se refere à
aprendizagem quanto à acessibilidade física.
São várias as deficiências físicas com as quais podemos nos deparar no contexto
escolar, mas neste texto abordaremos os encaminhamentos relacionados aos alunos
com deficiência física decorrente da paralisia cerebral. Neste caso, a lesão que atinge
o cérebro interfere no desenvolvimento motor da criança, podendo comprometer
a locomoção, postura, movimento, uso das mãos, a linguagem, entre outras
atividades.
É importante que saibamos que grande parte das crianças que têm deficiências
físicas é beneficiada com modificações no ambiente físico, nos materiais e
equipamentos utilizados para a atividade escolar.
Ainda há professores que associam
“paralisia cerebral” com “cérebro parado” e, portanto, pensam que estão lidando
com pessoas incapazes de raciocinar. Não se trata disso! Ter deficiência física não é
sinônimo de apresentar déficit cognitivo, e todos os alunos nessa condição podem
aprender desde que se estabeleça uma forma de comunicação efetiva. Portanto,
métodos especiais de ensino só são necessários para as crianças cujas deficiências
físicas sejam complicadas por dificuldades de aprendizagem resultantes de lesões
neurológicas.
No que diz respeito à alfabetização, as crianças com deficiência física, em geral,
terão dificuldades para escrever ou falar, mas essas dificuldades ocorrerão em função
do comprometimento da coordenação motora. Assim, é comum que a escola muitas
vezes se proponha a atribuir exercícios com o objetivo de melhorar a habilidade
motora do aluno, como se para aprender a ler e escrever o aluno precisasse – antes
– segurar o lápis do jeito certo e ter uma caligrafia bonita. Contudo, segurar o lápis
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
de forma convencional e conseguir enxergar o que está escrito não é pré-requisito
para aprender a escrever. A aprendizagem da leitura e escrita deve ser abordada de
forma conceitual e não mecânica.
Para facilitar o acesso à escrita e leitura muitas alternativas estão disponíveis
e podem ser construídas, por exemplo: o uso de pranchas de comunicação, do
computador, de lápis e canetas adaptados, etc. O professor do AEE, após elaboração
do plano de atendimento do aluno, seleciona os recursos necessários para auxiliar
nessas dificuldades funcionais, e realiza um trabalho articulado com o professora da
sala de aula comum. Os recursos utilizados podem ser de alta ou baixa tecnologia3
,
mas, primeiramente, é importante que o professor conheça seu aluno e tenha
identificado suas necessidades, habilidades e dificuldades.
A elaboração de um roteiro para coletar dados sobre os alunos pode contribuir
para a organização de atividades, a seleção dos recursos a serem utilizados e a
construção de materiais – se necessário – de acordo com as necessidades dos alunos.
Confira o texto sobre o AEE, logo adiante, nas páginas 25-26.
Comunicação Aumentativa e Alternativa
Para surpresa de muitos professores, geralmente os alunos com paralisia cerebral
são inteligentes e possuem boa compreensão do que lhes é explicado, porém,
possuem dificuldade ou sequer conseguem articular ou produzir a fala. Atualmente,
tem-se desenvolvido sistemas alternativos para comunicação na educação especial. A
expressão “comunicação alternativa” e/ou “comunicação suplementar”, vem sendo
utilizada para designar um conjunto de procedimentos técnicos e metodológicos
direcionado a pessoas acometidas por alguma doença, deficiência ou alguma outra
situação que impede a comunicação com as demais pessoas, por meio dos recursos
comumente utilizados, mais especificamente a fala.
A Tecnologia Assistiva tem se constituído como um recurso que pode contribuir
significativamente para a comunicação e interação dessas pessoas. Assim, destacamos
a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) que faz parte da área da Tecnologia
Assistiva destinada à ampliação de comunicação de pessoas sem fala ou sem escrita
funcional, ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa em falar e/ou
escrever. Sartoretto e Bersch (2010) ressaltam que é importante identificar gestos,
Ao receber o aluno com deficiência física, o professor deve estar atento à forma de
como esse aluno estabelece a comunicação, bem como as necessidades peculiares
a esse aluno, para posteriormente planejar as suas ações educativas.
3 Segundo Sartoretto e Bersch (2010), recursos de baixa tecnologia são os que podem ser construídos pelo professor
do AEE e disponibilizados ao aluno que os utiliza na sala comum ou nos locais onde ele tiver necessidade. Recursos de
alta tecnologia são adquiridos após avaliação das necessidades do aluno.
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Para fazer a melhor escolha dos recursos de comunicação alternativa, o
professor precisa avaliar as possibilidades físicas do aluno: acuidade visual e auditiva;
habilidades perceptivas; habilidades motoras: preensão manual, flexão e extensão
de membros superiores, habilidade para virar páginas; bem como as habilidades
cognitivas: compreensão, expressão, nível de escolaridade, fase de alfabetização. É
relevante também avaliar a situação na qual o sistema será utilizado: o local, com
quem e com qual objetivo.
Arquivo dos autores
Arquivo dos autores
sons, expressões faciais e corporais que os alunos possuem, pois a CAA possibilita
a construção de novos canais de comunicação, através da valorização das formas
expressivas da pessoa com dificuldade.
Entre os recursos que podem ampliar a comunicação das pessoas com deficiência
física, destacamos: a prancha de comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras,
a construção de cartões de comunicação, símbolos de comunicação pictórica,
vocalizadores e computadores. Os computadores e outras ferramentas tecnológicas
serão abordados no texto Acessibilidade, Participação e Aprendizagem. Aqui, tanto em
relação à alfabetização matemática quanto em relação ao letramento, percebe-se que as
estratégias especiais consistem, basicamente, em assegurar formas de comunicação
e em levar em conta as potencialidades do aluno sem fazer exigências que sejam
descabidas, como a já mencionada “caligrafia linda"
http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/cadernosmat/PNAIC_MAT_Educ%20Incl_pg001-096.pdf
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