quarta-feira, 13 de julho de 2016

Estudando o Método fônico/Fernando Capovilla





MÉTODO FÔNICO


O método fônico também são conhecidos por método sintético ou fonético. Partem das letras (grafemas) e dos sons (fonemas) para formar, com elas, sílabas, palavras e depois frases. No principal modelo de Método Fônico utilizado pelos professores alfabetizadores, as crianças não pronunciam os nomes das letras, mas sim os seus sons.

O lingüista americano Bloomfield, propositor do módulo fônico desse método, defende que a aquisição da linguagem é um processo mecânico, ou seja, a criança será sempre estimulada a repetir os sons que absorve do ambiente. Assim, a linguagem seria a formação do hábito de imitar um modelo sonoro. Os usos e funções da linguagem, neste caso, são descartados (em princípio), por se tratarem de elementos não observáveis pelos métodos utilizados por essa teoria, dando-se importância à forma e não ao significado. No tocante à aquisição da linguagem escrita, a fônica é o intuito de fazer com que a criança internalize padrões regulares de correspondência entre som e soletração, por meio da leitura de palavras das quais ela, inconscientemente, inferir as correspondências soletração/som.
De acordo com esse pensamento, o significado não entraria na vida da criança antes que ela dominasse a relação, já descrita, entre fonema e grafema. Nesse caso, a escrita serviria para representar graficamente a fala. 
O método fônico baseia-se no aprendizado da associação entre fonemas e grafemas (sons e letras) e usa, em princípio, textos produzidos especificamente para a alfabetização. 

O método que o Brasil empregava antes dos anos 80 não era o fônico, mas o alfabético-silábico, baseado no ensino repetitivo de sílabas. 

Diferente do Método Fônico, que é baseado no ensino dinâmico do código alfabético, ou seja, das relações entre grafemas e fonemas em meio a atividades lúdicas planejadas para levar as crianças a aprenderem a codificar a fala em escrita, e, de volta, a decodificar a escrita no fluxo da fala e do pensamento. 

O fônico é inteligente, lúdico e nada mecânico. Leva as crianças a serem alfabetizadas muito bem em quatro ou seis meses, quando passam a ler textos cada vez mais complexos e variados. Ele é tão eficaz em produzir compreensão e produção de textos porque, de modo sistemático e lúdico, fortalece o raciocínio e a inteligência verbal. 
O Observatório Nacional da Leitura da França e o Painel Nacional de Leitura dos EUA afirmam sua clara superioridade, mas o MEC nunca deu à criança brasileira a chance de aprender com o fônico e colher seus frutos. 
No método fônico, a alfabetização se dá através da associação entre símbolo e som. Para que a criança se torne capaz de decifrar milhares de palavras, ela aprende a reconhecer o som de cada letra. De outra forma, ela teria que memorizar visualmente todo o léxico, algo ineficiente do ponto de vista dos defensores do método fônico. O método parte da regra para a exceção.
Quando se usa o método fônico se melhora a compreensão do texto. No método ideovisual, onde o professor dá logo o texto, o que acontece é que a criança tende a memorizar as palavras. Porém, o código alfabético não se presta à memorização fácil porque as letras são muito parecidas. Com isso, o que acontece é que a criança troca as palavras quando lê (paralexia) e troca palavras na escrita (paragrafia). Esses erros ocorrem porque o alfabeto não se presta à memorização visual. Ele tem que ser decodificado. Ele foi inventado pelos Fenícios para mapear sons da fala, por isso é eficiente. Se você sabe decodificar não precisa memorizar.
Quem opta por ser alfabetizador o faz por amor, por idealismo. Uma pessoa idealista é a primeira a se apaixonar pelo seu trabalho quando ele funciona. O método fônico produz resultados extraordinários. Em três meses uma criança está lendo o que não lia em dois anos sob o método ideovisual. As professoras que empregam o método fônico ficam maravilhadas com sua eficácia.
Para aprender é necessário decodificar. Decodificar nada mais é do que converter os grafemas em fonemas. Aprender a pronunciar a palavra em presença da escrita. Quando pensamos em palavras usamos nossa voz interna. Quando lemos em voz baixa escutamos nossa voz. Isto é o processo fônico: a invocação da fala interna em presença do texto. O método ideovisual desestimula esta fala interna. Ele tenta estimular a leitura visual direta, portanto, a memorização. Só que não é possível memorizar ideograficamente todas essas palavras. A forma correta é aprender a decodificar. Quando fazemos isso, naturalmente se consegue produzir a fala e entender o que se está lendo.
Para alfabetizar, a criança deve ser levada a participar da linguagem escrita. Para isso, é necessário um diagnóstico prévio que aponte qual é a relação do sujeito com o texto. Assim, podem-se definir estratégias e exercícios que façam o aluno ler e escrever.
Para Sílvia Colello, os PCN não devem subestimar as crianças e nem reduzir o ensino àquela relação unívoca em que o professor ensina e o aluno silencia. Rodeadas por estímulos visuais e sonoros, televisões, computadores e videogames, seria equivocado crer que elas se interessariam e se reconheceriam verbalmente com frases como “o boi bebe e baba”.
Segundo a professora, é interessante notar que os defensores do método fônico no Brasil são psicólogos, em sua maioria. “Eles não lidam com a língua enquanto sistema em implementação. Eles estão preocupados em encontrar uma metodologia que seja objetiva e controlada, para ensinar a ler e a escrever. Mas só isso não é suficiente hoje em dia”, afirma. De acordo com Colello, pode-se até ensinar a criança a ler e a escrever, mas se anulará o gosto que ela poderia vir a ter pela leitura.
O grande argumento contra os parâmetros construtivistas é o péssimo desempenho do Brasil em diversas avaliações nacionais e internacionais, como no Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) e em avaliações da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) desde que o conceito foi incorporado nos PCNs, em 1996.

Bibliografia : 
Alfabetização no Brasil - Uma metodologia ultrapassada - Fernando C. Capovilla - RedePsiConstrutivismo não é método para alfabetização - Mariana Garcia, Revista Com Ciência;Construtivismo x Método Fônico - Telma Weisz e Fernando Capovilla (Abrelivros);O método Fônico na Alfabetização de Crianças - Vicente Martins - TextoLivre;






http://www.espacoeducar.net/2009/01/o-mtodo-fnico-de-alfabetizao.html




Seqüência de atividades para apresentação dos sons, que  traz como exemplo o
Som da letra A, cuja estratégia serve  para as demais vogais.

Aula 1

1- Professora mostra a letra e pronuncia o som da mesma:
--“Vamos conhecer o som da letra. Repitam comigo:A. Agora você.......Agora você...

2- Dar exemplos de coisas, conhecidas das crianças, que iniciam com o som “a”. Pedir que repitam as palavras pronunciadas, desenhar no quadro ou mostrar figuras das mesmas.

3- Escrever ao lado de cada desenho o nome e destacar a letra “a”.

4- Escrever as diferentes formas que esta letra pode ser representada. Maiúscula, minúscula, de máquina e manuscrita.

5- Escrever o nome dos alunos e analisar se existe o som trabalhado nele. Destacar.

6- Vamos ler um texto sobre esta letra. A professora lê o texto podendo escrevê-lo no quadro ou dar uma folha com o texto digitado. (obs: explicar o que significa cada palavra nova apresentada)

A
Ela está no astronauta
a nas asa do avião.
Na andorinha, na arara,
na amizade e no azulão.

Pintar as figuras da folha apresentada destacando a letra A.

Aula 2

1- Recordar o som A trabalhado na aula anterior;(auditivo, visual e falado)
Mostrar a forma manuscrita e gráfica.

2- Oferecer uma folha com a letra A e várias figuras (sem os nomes) onde os alunos irão apontar, circular e pintar as que iniciam com o som trabalhado.
Sugestão de figuras: Amendoim, alfinete, agulha, alho, abajur, arara, avião, gravata, sapato, fósforo.

3- Após esta atividade feita a professora escreve o nome destas figuras e o aluno aponta e destaca a letra no início da palavra com uma cor e no meio e no final com outra cor.

4- Apresentar uma folha com figuras e seus respectivos nomes onde falta a letra “a”.
Pedir aos alunos que completem as palavras com a letra A (caixa alta).

Aula 3
1- Representar a letra no quadro em manuscrito;

2- Representar a letra em tamanho aumentado para que cada aluno possa experimentar o movimento correto da letra;

3- Solicitar que os alunos, individualmente, vão até a lousa e escrevam a letra com giz; (trabalho 100% acompanhado pela professora e observado pelos colegas)

4- Distribuir uma folha com a letra “a” em manuscrito .Fazer o movimento da letra na folha dada; (com cola, tinta, colagem, etc)

5- Em folha branca treinar o movimento da letra livremente;

6- Cantar a música da D. Aranha. Distribuir uma folha com letra em manuscrito e pedir que circulem as letras “a” encontradas. Colorir as figuras.

7- Estar sempre com os seus nomes à vista para que estejam em contato com as letras de seus nomes;

Aula 4

1- Distribuir folha com vários nomes escritos e pedir que pintem somente os que iniciam com o som “a”;
2- Sugestão de música e brincadeiras para desenvolver a percepção auditiva:
- O sapo não lava o pé; ( cantar trocando as vogais)
- Repetir palavras trocando as vogais,
- Completar frases com palavras que terminem com som parecido;

3- Apresentar a vogal escrita em tarja;

4- Desenhar a tarja no quadro e solicitar que cada um venha escrever a letra com o movimento correto;

5- Após a criança escrever no quadro dar a ela o seu caderno de tarja com a lição já preparada para que ela escreva; (elaborar atividades de escrita e de percepção visual e auditiva)


Dicas:
· Executar o mesmo processo para as demais vogais;
· É importante criar uma rotina e um ritmo para o desenvolvimento das atividades;
· Não esquecer de associação grafema/fonema;
· Solicitar aos alunos o apontamento do está sendo trabalhado em momentos fora das aulas de alfabetização para que o aluno fora do contexto de sala aprimore sua aprendizagem


FONTE: ALFABETIZAÇÃO FÔNICA
FERNANDO CAPOVILLA 


                       















































































Nesta entrevista, Fernando César Capovilla (professor de Neuropsicologia da USP e especialista em distúrbios da comunicação e da linguagem) fala sobre a superioridade do método fônico de alfabetização em relação ao ideovisual, sobre a baixa qualidade do ensino brasileiro e sobre por que o Brasil continua a adotar o método ideovisual, apesar dos resultados das pesquisas internacionais confirmarem a eficácia do método fônico. 

Fotografia de crianças escrevendo
Folha Dirigida — Como o sr. avalia nossos alfabetizadores?
Fernando César Capovilla — São pessoas dedicadas e que querem fazer um bom trabalho. No entanto, são impedidas de fazê-lo porque os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) do Ministério da Educação (MEC) estão completamente errados. Quando comparamos os PCN’s brasileiros com os britânicos, finlandeses, franceses ou americanos notamos uma disparidade extraordinária. Eles dizem para não fazer o que o Brasil faz. Existem dois métodos para alfabetização: o ideovisual e o fônico. O mundo inteiro, que usa a escrita alfabética, usa o método fônico porque uma revisão da literatura, de 115 mil estudos científicos publicados, provou que o método fônico é superior ao ideovisual, que continua sendo usado no Brasil e no México.
Folha Dirigida — O que é exatamente o método ideovisual? E o fônico? Qual a diferença entre eles?
Capovilla — No ideovisual o professor dá o texto para o aluno. O MEC recomenda, por meio dos seus PCN’s, que se dê o texto à criança (um texto, como eles dizem, complexo, rico), e afirma ainda que não há necessidade de ensinar a criança a converter letras em sons e sons em letras. Diz também que o professor deve aceitar tudo o que a criança escreve como uma produção legítima. O professor não pode ensinar, corrigir, treinar ou guiar a criança ao longo do processo. O MEC acredita que a criança aprende praticamente sozinha, que basta ter livros no entorno que ela vai aprender a ler e escrever, e isso é falso. O mundo inteiro descobriu, por meio de atividades científicas, que ler e escrever são atividades complexas que requerem um treinamento específico. São necessárias instruções sobre a relação entre as letras e os sons para que a criança possa codificar fonografenicamente (a partir da fala escrever) e decodificar grafonemicamente (a partir da palavra decodificar o texto e produzir fala). O método fônico evoca a fala, a mesma fala com a qual a criança pensa e se comunica. Por isso é um método muito natural.
Folha Dirigida — O Brasil sempre utilizou este método?
Capovilla — Antes a alfabetização era feita pelo método silábico. A partir dos anos 80, com o Construtivismo, foi introduzido o método ideovisual que produziu péssimos efeitos. O Brasil é recordista mundial de incompetência de leitura. O México está em segundo lugar e tanto um quanto outro seguem Emília Ferrero (psicopedagoga argentina), ou seja, o Construtivismo. O mundo inteiro deixou isso como sendo um mito, como sendo pernicioso para a criança. Pelos resultados se conhece o método. Quais são os resultados do método ideovisual empregado no Brasil? Incompetência. Por isso somos recordistas mundiais em incompetência.
Folha Dirigida — O método de alfabetização utilizado no Brasil está ultrapassado?
Capovilla — Ultrapassado, desacreditado e condenado pela França, Dinamarca, Itália, Suécia, Finlândia, Canadá, pelo mundo.
Folha Dirigida — O sr. poderia apontar diferenças entre os alfabetizadores brasileiros e os estrangeiros?
Capovilla — Os alfabetizadores dos países que investem em pesquisa científica para descobrir como melhor alfabetizar são formados para respeitar as etapas de desenvolvimento da linguagem da criança. Começam do simples para o complexo. O Brasil faz o oposto, começa do complexo. O MEC diz: dê um texto rico para a criança, um texto complexo. Isto é ridículo, é criminoso. O Ministério Público devia investigar o que acontece na educação desse país. Por isso que agora a Câmara dos Deputados vai começar a examinar a educação brasileira à luz do conhecimento científico internacional. O Brasil trata suas crianças como se elas fossem marcianas e, depois, elas são taxadas de incompetentes. Será que somos tão inferiores? Uma subraça? Não. A educação é que é inapropriada.
Folha Dirigida — Uma das críticas que se faz é que os jovens não sabem interpretar. Isto seria conseqüência do modelo de nossa alfabetização?
Capovilla — Exatamente. Quando se usa o método fônico se melhora a compreensão do texto. No método ideovisual, onde o professor dá logo o texto, o que acontece é que a criança tende a memorizar as palavras. Porém, o código alfabético não se presta à memorização fácil porque as letras são muito parecidas. Com isso, o que acontece é que a criança troca as palavras quando lê (paralexia) e troca palavras na escrita (paragrafia). Esses erros ocorrem porque o alfabeto não se presta à memorização visual. Ele tem que ser decodificado. Ele foi inventado pelos Fenícios para mapear sons da fala, por isso é eficiente. Se você sabe decodificar não precisa memorizar.
Folha Dirigida — Para introduzir este método seria necessário mudar a formação do professor?
Capovilla — Sim, mas isto é fácil. Quem opta por ser alfabetizador o faz por amor, por idealismo. Uma pessoa idealista é a primeira a se apaixonar pelo seu trabalho quando ele funciona. O método fônico produz resultados extraordinários. Em três meses uma criança está lendo o que não lia em dois anos sob o método ideovisual. As professoras que empregam o método fônico ficam maravilhadas com sua eficácia.
Folha Dirigida — É certo que quando o professor vê um resultado positivo ele se anima. Mas os docentes costumam apresentar resistências a mudanças…
Capovilla — Isto é humano. Mas quando eles experimentam a mudança, se ela for boa, acabam convencidos da importância de mudar.
Folha Dirigida — Há experiência no Brasil de alfabetização pelo método fônico?
Capovilla — Já temos pelo menos 40 escolas, em diversos estados, empregando o método no Brasil. Isto porque as escolas particulares, sensíveis à matrícula, se sentem pressionadas pelos pais que ameaçam cancelar o registro dos seus filhos se elas não produzirem bons resultados. Isto está acontecendo em São Paulo e certamente acontece no Rio. As escolas cujos egressos não passam para universidade pública gratuita são questionadas pelos pais. Preocupadas, algumas escolas perceberam que pelo método ideovisual as contradições e problemas se acumulavam ao longo das séries. Em São Paulo, as escolas que empregavam o Construtivismo viam os seus alunos irem para as universidades pagas. Pressionadas pelos pais começaram a procurar eficiência e descobriram no método fônico o caminho.
Folha Dirigida — O sr. disse que o professor tem que ensinar, tem que avaliar. Como o sr. vê a aprovação automática?
Capovilla — Isto está completamente errado. O objetivo dessa política é melhorar o fluxo, diminuir a disparidade entre a idade e a série escolar. Pelo Brasil existem 8 milhões de crianças fora da série. Isto é resultado de evasão ou repetência, ou seja, fracasso escolar. Nos dois casos isto ocorre porque a escola não está ensinando. Se passarmos a ensinar com eficiência, as crianças aprenderão e serão aprovadas sem precisar de progressão continuada ou do sistema de ciclos. O sistema de ciclos é ruim porque, se a criança não aprende, isto só será percebido daqui a dois, três, quatro anos. Então está se perdendo o que é mais precioso para o desenvolvimento humano, que é tempo. A janela de desenvolvimento da linguagem é até 6 anos, e desperdiçar este tempo prejudica fortemente a criança. Da mesma forma a alfabetização. Se ela não for feita na idade apropriada, que é 6, 7 anos, até 8 anos, na pior das hipóteses, ela vai ser feita num custo muito maior e com resultados muito menores. O método ideovisual não ensina, ele queima o tempo da criança.
Folha Dirigida — O sr. diz que para aprender é necessário decodificar. O que é decodificar?
Capovilla — É converter os grafemas em fonemas. Aprender a pronunciar a palavra em presença da escrita. Quando pensamos em palavras usamos nossa voz interna. Quando lemos em voz baixa escutamos nossa voz. Isto é o processo fônico: a invocação da fala interna em presença do texto. O método ideovisual desestimula esta fala interna. Ele tenta estimular a leitura visual direta, portanto, a memorização. Só que não é possível memorizar ideograficamente todas essas palavras. A forma correta é aprender a decodificar. Quando fazemos isso, naturalmente se consegue produzir a fala e entender o que se está lendo.
Folha Dirigida — Como o sr. avalia a qualidade da nossa educação?
Capovilla — A educação brasileira é a pior do mundo.
Folha Dirigida — Na sua visão, este resultado negativo tem relação com nosso processo de alfabetização?
Capovilla — Eu não acho, eu sei que sim! Pesquisas mostram isso, não é questão de discussão. Nos Estados Unidos houve a guerra de leitura. De um lado os cientistas que defendiam o método fônico e, do outro, os pedagogos que defendiam o ideovisual. O governo, consciente da importância da educação – sabia que era importante formar bem as crianças e jovens americanos para continuar à frente dos outros países – e dividido na briga entre cientistas e pedagogos, resolveu chamar um painel de especialistas para analisar 115 mil artigos comparando os dois métodos. Eles descobriram que o fônico era infinitamente mais eficiente do que o ideovisual.
Folha Dirigida — Se este método é tão superior e seus resultados positivos amplamente conhecidos, por que o MEC ainda não os usa?
Capovilla — É fácil entender isso. Os anos 80 foram anos de contestação ao governo militar. As esquerdas começaram a arregimentar as massas. Tanto que, hoje, temos um líder operário como presidente. No Brasil, houve uma reação muito forte aos governos militares. Foram anos de espontaneismo, de liberdade civil. Mas as pessoas acabaram confundindo as coisas. Confundiram ensino sistemático com ensino militarizado, clareza conceitual e especificação de currículo, de objetivos, de competências da criança com autoritarismo. Dessa forma, acharam que deixando a criança sozinha ela iria se desenvolver maravilhosamente. “O bom selvagem”, de Rousseau. É uma visão romântica maravilhosa, mas se o objetivo é tornar a criança competente, pesquisas mostram que este modelo não funciona. A própria Emília Ferrero, a ideóloga desta teoria construtivista que ainda domina o Brasil com garras de aço que nos levam à incompetência, nos seus estudos em psicogêneses da língua escrita constatou uma diferença entre crianças pobres e ricas no seu método. As crianças ricas chegavam ao nível 5, 6 de aprendizagem. As pobres paravam no nível 3. E olha que as crianças pobres de Emília Ferrero eram as nossas crianças de classe média. O melhor método é o que permite às crianças mais pobres um aprendizado tão bom quanto o recebido pelas crianças das melhores classes sociais. Isto porque a escola tem a função de justiça social. Ao aumentar a competência da criança, a escola permite a ascensão social.
Folha Dirigida — O modelo que temos hoje aumenta a desigualdade social?
Capovilla — Exatamente, porque se a escola brasileira não ensina, as crianças vão fracassar, se evadir, repetir de ano. Os pais, vendo isso, têm duas opções: os ricos contratam tutor, compram livros. Já os pais pobres, operários, não podem ajudar os seus filhos. Sob o construtivismo os filhos dos pobres se tornam mais pobres, e os dos ricos mais ricos, porque eles têm profissionais para lhes dar o que a escola está sonegando.
Folha Dirigida — Falamos que a alfabetização no Brasil é feita de forma incorreta. E com relação à formação dos professores? Como o sr. vê esta questão?
Capovilla — Piaget fazia a seguinte pergunta: Por que o professor tem tão má reputação (no sentido de respeito) em relação a outras profissões? Por que um médico é respeitado e o professor não, se educação e saúde caminham lado a lado? Segundo ele, isso ocorre porque o professor não faz pesquisa, não descobre por si mesmo o que funciona e o que não funciona. Ele não conquista o respeito intelectual como as outras profissões fazem.
Folha Dirigida — O sr. acha que a formação do professor alfabetizador deve ter preocupação com a pesquisa?
Capovilla — Sem dúvida. Se o professor tiver uma formação de metodologia de pesquisa ele poderá publicar artigos, livros, trocar idéias em congressos.
Folha Dirigida — É comum se falar na desvalorização do professor e atribuir isto à questão salarial. O sr. diria que não é só isso, mas sim que ele deve se impor enquanto bom profissional?
Capovilla — Para o professor ser valorizado ele tem que se valorizar, ou seja, tem que obter resultados melhores do que tem obtido. Quando alguém obtém bons resultados se sente bem, se valoriza, o auto-respeito aumenta e ele pode falar de igual para igual com qualquer pessoa. Neste caso, o professor pode conseguir financiamento para pesquisa e melhorar o orçamento. Ele deve fazer pós-graduação, que ensina metodologia de pesquisa. Na própria faculdade deve fazer estatística, noções de pesquisa, experimentos para que possa descobrir o que é melhor para as crianças e não ficar dependendo do cientista. Deve especializar-se em descobrir como melhorar o desempenho das mais variadas crianças. Hoje, a escola tem que incluir as crianças portadoras de necessidades especiais, e isto demanda pesquisa.
Folha Dirigida — Os docentes estão preparados para lidar com estes alunos?
Capovilla — Os meus professores estão. O que faço na educação especial faz com que as crianças possam ir para a sala de aula. Se dermos aos professores os instrumentos que eles precisam para avaliar estes alunos e às crianças os instrumentos para que possam aprender a ler, escrever e fazer o dever de casa a inclusão é possível. Estou fazendo pesquisas sobre isso há 25 anos e tenho todos os instrumentos. Basta o governo querer usar. Sou da USP, universidade pública e gratuita. Então, o instrumento do meu trabalho como pesquisador deve estar nas mãos do professor e compete ao governo pegar este material e dar para o professor. Mas o governo fala muito e deixa o professor desassistido. Não dá ao professor instrumento de avaliação, não dá a criança instrumentos de comunicação e espera que ela seja incluída. Como fazer isso? Por milagre? Não, por meio de pesquisa científica, de implantações tecnológicas.
Folha Dirigida — A exigência de que os professores tenham nível superior vai melhorar a qualidade do ensino?
Capovilla — Demandar educação é a tendência universal. Cada vez mais educação, sem dúvida, é bom. Agora é preciso avaliar a qualidade da formação universitária que vai ser dada a estes profissionais. Esta formação deve necessariamente incluir metodologia de pesquisa científica, estatística, como descobrir o que fazer. Assim, o educador brasileiro não vai depender dos outros para lhe dizer o que fazer. Ele poderá observar a melhor forma de alfabetizar.
Folha Dirigida — O Sr. é psicólogo, atuava numa clínica de reabilitação de leitura. Como caminhou para a pesquisa na área educacional?
Capovilla — Comecei como clínico. Tratava de distúrbios de leitura, mas minha clínica não parava de receber crianças. Percebi que uma parte delas tinha um problema de natureza biológica que chamamos de dislexia (distúrbio de aquisição de leitura). Crianças dislexas existem no mundo inteiro, mas no Brasil a taxa parecia ser extraordinariamente maior. Quando avaliava percebia que muitas crianças não eram dislexas, não tinham histórico de dislexia na família. Então, como elas tinham na escola um desempenho tão próximo de dislexia? Na análise descobrimos que os casos ocorrem em crianças de uma mesma turma, de uma mesma escola. O que este país está fazendo? Enchendo as clínicas de reabilitação, públicas e gratuitas, porque a escola não está alfabetizando.
Folha Dirigida — Por isso o sr. resolveu investir na pesquisa nesta área?
Capovilla — Eu já fazia pesquisa. Isto me encaminhou para uma atuação política nas escolas. Vi que o problema não era clínico, e sim educacional. Que é necessário atuar preventivamente para fazer justiça social. Se a escola fizer o seu trabalho, só vai para a clínica quem precisa de tratamento. O Brasil se dá ao luxo de sacrificar, de crucificar as suas crianças no altar da incompetência para adorar a deusa, Emília Ferrero, dos construtivistas. Isto é um crime.
(Entrevista retirada do site RedePsi)

domingo, 10 de julho de 2016

Roleta da multiplicação/Confecção e aplicação

               


FIGURAS A SEREM IMPRESSAS NO  MICROSOFT PUBLISHER
CRÉDITO DAS  FIGURAS DA ROLETA DA MULTIPLICAÇÃO: @educaretransformar















Youtube: passo a passo ampliação de figuras no microsoft publisher:

https://youtu.be/vEehZWCewUk?list=PLi9uxJG5Z3_lZOed4MvuX8KvOUkY38hBU







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Libras turma da Mônica













segunda-feira, 4 de julho de 2016

Deficiência Física e alfabetização

                                                     




                                                         
                                                         

                                                             Deficiência Física

    A deficiência física caracteriza-se pelos impedimentos nos movimentos e na coordenação de membros e/ou de cabeça, em que a pessoa necessitará de adaptações que garantam a acessibilidade motora, ou seja, o seu acesso a todos os espaços, serviços e instituições (BRASIL, 2012, p. 10). Entre as características apresentadas pelas pessoas com deficiência física estão os diferentes modos de comunicação oral e escrita e de locomoção, que determinam as providências da escola para prover o acesso ao currículo pelo aluno, utilizando recursos pedagógicos adaptados para sua acessibilidade tanto no que se refere à aprendizagem quanto à acessibilidade física. São várias as deficiências físicas com as quais podemos nos deparar no contexto escolar, mas neste texto abordaremos os encaminhamentos relacionados aos alunos com deficiência física decorrente da paralisia cerebral.     Neste caso, a lesão que atinge o cérebro interfere no desenvolvimento motor da criança, podendo comprometer a locomoção, postura, movimento, uso das mãos, a linguagem, entre outras atividades. É importante que saibamos que grande parte das crianças que têm deficiências físicas é beneficiada com modificações no ambiente físico, nos materiais e equipamentos utilizados para a atividade escolar. 
    Ainda há professores que associam “paralisia cerebral” com “cérebro parado” e, portanto, pensam que estão lidando com pessoas incapazes de raciocinar. Não se trata disso! Ter deficiência física não é sinônimo de apresentar déficit cognitivo, e todos os alunos nessa condição podem aprender desde que se estabeleça uma forma de comunicação efetiva. Portanto, métodos especiais de ensino só são necessários para as crianças cujas deficiências físicas sejam complicadas por dificuldades de aprendizagem resultantes de lesões neurológicas. 
     No que diz respeito à alfabetização, as crianças com deficiência física, em geral, terão dificuldades para escrever ou falar, mas essas dificuldades ocorrerão em função do comprometimento da coordenação motora. Assim, é comum que a escola muitas vezes se proponha a atribuir exercícios com o objetivo de melhorar a habilidade motora do aluno, como se para aprender a ler e escrever o aluno precisasse – antes – segurar o lápis do jeito certo e ter uma caligrafia bonita. Contudo, segurar o lápis PNAIC_MAT_Educ Incl_pg001-096.indd 22 25/2/2014 17:04:09 23 EDUCAÇÃO INCLUSIVA de forma convencional e conseguir enxergar o que está escrito não é pré-requisito para aprender a escrever. A aprendizagem da leitura e escrita deve ser abordada de forma conceitual e não mecânica. 
    Para facilitar o acesso à escrita e leitura muitas alternativas estão disponíveis e podem ser construídas, por exemplo: o uso de pranchas de comunicação, do computador, de lápis e canetas adaptados, etc. O professor do AEE, após elaboração do plano de atendimento do aluno, seleciona os recursos necessários para auxiliar nessas dificuldades funcionais, e realiza um trabalho articulado com o professora da sala de aula comum. Os recursos utilizados podem ser de alta ou baixa tecnologia3 , mas, primeiramente, é importante que o professor conheça seu aluno e tenha identificado suas necessidades, habilidades e dificuldades. A elaboração de um roteiro para coletar dados sobre os alunos pode contribuir para a organização de atividades, a seleção dos recursos a serem utilizados e a construção de materiais – se necessário – de acordo com as necessidades dos alunos. Confira o texto sobre o AEE, logo adiante, nas páginas 25-26. Comunicação Aumentativa e Alternativa Para surpresa de muitos professores, geralmente os alunos com paralisia cerebral são inteligentes e possuem boa compreensão do que lhes é explicado, porém, possuem dificuldade ou sequer conseguem articular ou produzir a fala. Atualmente, tem-se desenvolvido sistemas alternativos para comunicação na educação especial. A expressão “comunicação alternativa” e/ou “comunicação suplementar”, vem sendo utilizada para designar um conjunto de procedimentos técnicos e metodológicos direcionado a pessoas acometidas por alguma doença, deficiência ou alguma outra situação que impede a comunicação com as demais pessoas, por meio dos recursos comumente utilizados, mais especificamente a fala. 
    A Tecnologia Assistiva tem se constituído como um recurso que pode contribuir significativamente para a comunicação e interação dessas pessoas. Assim, destacamos a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) que faz parte da área da Tecnologia Assistiva destinada à ampliação de comunicação de pessoas sem fala ou sem escrita funcional, ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa em falar e/ou escrever. Sartoretto e Bersch (2010) ressaltam que é importante identificar gestos, Ao receber o aluno com deficiência física, o professor deve estar atento à forma de como esse aluno estabelece a comunicação, bem como as necessidades peculiares a esse aluno, para posteriormente planejar as suas ações educativas. 3 Segundo Sartoretto e Bersch (2010), recursos de baixa tecnologia são os que podem ser construídos pelo professor do AEE e disponibilizados ao aluno que os utiliza na sala comum ou nos locais onde ele tiver necessidade. Recursos de alta tecnologia são adquiridos após avaliação das necessidades do aluno. PNAIC_MAT_Educ Incl_pg001-096.indd 23 25/2/2014 17:04:09 24 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
     Para fazer a melhor escolha dos recursos de comunicação alternativa, o professor precisa avaliar as possibilidades físicas do aluno: acuidade visual e auditiva; habilidades perceptivas; habilidades motoras: preensão manual, flexão e extensão de membros superiores, habilidade para virar páginas; bem como as habilidades cognitivas: compreensão, expressão, nível de escolaridade, fase de alfabetização. É relevante também avaliar a situação na qual o sistema será utilizado: o local, com quem e com qual objetivo. Arquivo dos autores Arquivo dos autores sons, expressões faciais e corporais que os alunos possuem, pois a CAA possibilita a construção de novos canais de comunicação, através da valorização das formas expressivas da pessoa com dificuldade. Entre os recursos que podem ampliar a comunicação das pessoas com deficiência física, destacamos: a prancha de comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras, a construção de cartões de comunicação, símbolos de comunicação pictórica, vocalizadores e computadores. Os computadores e outras ferramentas tecnológicas serão abordados no texto Acessibilidade, Participação e Aprendizagem. Aqui, tanto em relação à alfabetização matemática quanto em relação ao letramento, percebe-se que as estratégias especiais consistem, basicamente, em assegurar formas de comunicação e em levar em conta as potencialidades do aluno sem fazer exigências que sejam descabidas, como a já mencionada “caligrafia linda"

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domingo, 3 de julho de 2016

Deficiências dos alunos segundo a legislação

   
 

Atualmente, seguindo a legislação, as “pessoas com deficiência” são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física: deficiência física, deficiência intelectual ou sensorial (surdez e deficiência visual). Estes impedimentos se caracterizam por poderem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, conforme Decreto Federal N.o 6949/2009.
     As mudanças se evidenciam com novas legislações, por exemplo: com a publicação da Lei n.o 12.764/2012, a pessoa com transtorno do espectro autista passa a ser considerada pessoa com deficiência. A Lei n.o 12.764/2012 institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, atendendo aos princípios da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) e ao propósito da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – CDPD/ONU/2006. 
    Outro exemplo é que, embora em alguns documentos sejam mencionados como “deficientes auditivos”, é forte entre os surdos o movimento para que sejam vistos e tratados como “minoria linguística”. Esses exemplos bastam para mostrar que a legislação se adapta de acordo com os movimentos sociais, definindo (incluindo ou excluindo), de maneiras diferentes, ao longo do tempo, aqueles que fazem parte do grupo dos alunos especiais. De qualquer modo, não nos custa sublinhar que os pressupostos básicos dessa definição são os impedimentos que possam obstruir a participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas.


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